segunda-feira, 18 de maio de 2009

Nada além da verdade

Ultimamente ando pensando em como as pessoas se incomodam com a verdade. Acho que por essa razão que, uns 15 anos atrás, fiquei encantada com um texto do Walcyr Carrasco, chamado “Delírios de Honestidade”. De forma exagerada, ele dá uma meia dúzia de exemplos de situação em que a verdade prevaleceria. Vendedores de roupa criticando uma das peças para o cliente, cirurgião plástico revelando que não conseguiria fazer milagres com a falta de beleza da paciente e assim seguia.
Em geral, aquele que é verdadeiro fica comumente rotulado de grosso. Ou estúpido, seco, arrogante. Mas ele é simplesmente verdadeiro. Realmente é difícil ouvir verdades, mas dizer também o é. Mas, o fato é que: dizer verdades alivia a alma, te coloca no eixo e pode render um pouco de risadas também. Desde criança fui verdadeira – até demais. Mas agora, com 24 anos, ando um poço de sinceridade. E meus amigos – que amo demais – sabem disso e já nem se incomodam. Já aprenderam a apreciar minha sinceridade exagerada.
Um tempo atrás, uma amiga (iremos chamá-la aqui de Clotilde – já que é para não falar quem é, usarei então nomes alternativos para tornar mais bizarra a citação) cortou uma franja. Clotilde é uma bela garota; loira, alta e de olhos azuis.* Mulherão mesmo. Pelo shopping, a encontrei. Com a tal franja. Sabe, deveria ser decretada uma lei em que franjas retas na altura das sobrancelhas seriam autorizadas apenas para a seguinte faixa etária: de 1 a 5 anos. Após este período (de 5 anos e 1 dia até 115 anos) franjas assim só tem uma função, que é tornar a pessoa ridiculamente imbecil. E começamos a conversar. Mas era inevitável, meu olhar seguia aquilo que mais chamava a minha atenção (que não era nem a roupa de Clotilde, nem os olhos, nem o moreno lindo que passava – ou não – atrás de mim), ou seja, a franja. Assim sendo... “Você não pára de olhar pra minha franja! O que você achou, não gostou?”. “Na verdade a única coisa que passou pela minha cabeça, neste momento, foi ‘ainda bem que cabelo cresce’...”. Clotilde, grande e velha amiga, riu. Já me conhece. E nunca mais cortou a franja assim (Ufa! Doutrinei uma pessoa!).
As pessoas não gostam da verdade, esse é o problema. Justamente porque, em geral, elas conhecem a verdade. Só não aceitam. Ou vocês realmente acreditam que Clotilde gostou da franja? Não gostou; se gostasse, iria manter o corte.
Sempre fui de falar o que eu achava. Se não pudesse, aí não falava absolutamente nada. E mais, depois que descobri como me faz bem falar o que me incomoda... Ah... Virei franca-atiradora de verdades!
Dói? Fere? Machuca? Naaaaaada... Aprendam que, nesta vida, podemos doutrinar pessoas! E fazer com que o mundo tenha mais pessoas de bom senso. Até porque, bom senso é fundamental!

*Adoraria ser loira de olhos azuis (mas já me conformei – e me adoro! – morena, alta e de olho castanho-escuro [e não menos mulherão por isso...])!!!

3 comentários:

  1. Eu estou começando a ficar com medo...E vem cá, será que eu conheço esta loira? será que ela saiu de um certo colégio?! rs...Contaaaa!! Beijocas!!!

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  2. Normalmente as pessoas temem a sinceridade por causa da consequência que nunca é positiva, visto que isso depende do nivel de maturidade e do fulano alvo da sinceridade ser "bem-resolvido" em sua auto-imagem. Toda criança passa por uma situação extremamente constrangedora de falar "algo que não devia". Todo mundo tem isso em sua ficha criminal. E creio até que seja a categoria de episódios que mais o adulto queira esquecer. Então, convenhamos: a sinceridade é construtiva, mas a ilusão é uma benção, tal qual a ignorância.

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  3. Esse texto é um dos mais criativos que eu já vi, além de engraçado e exagerado (próprios de uma crônica).É muito bom para ser trabalhado com crianças de 5º ano.

    Luciana Machado ( professora de 5º ano)

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