Sempre fui rotulada pelos meus afins de “irritada”, “brava” ou qualquer outra palavra que me definisse como uma pessoa estressada e intolerante. E sempre dei um jeito de fugir desse rótulo.
Agora, definitivamente, assumi o rótulo.
Assumo e explico o porquê: eu não suporto gente burra!!!
Pensem o que quiser, mas é isso. Preto no branco. Não suporto gente burra. Acontece que tem gente espalhada pelo mundo que faz questão de ser imbecil. Sendo assim, faço questão de ser irritada.
O comércio é um dos setores deste nosso Brasil varonil que mais me proporciona exemplos.
Vejam só:
1 - Você entra numa loja. Passou previamente pela vitrine e viu uma bela camisa. Pensa: “
Puxa, um bom presente para a tia Cotinha, o aniversário dela é em alguns dias... quem sabe não encontro do tamanho dela?”. E entra. Assim, inocentemente. E começa a peleja. “
Posso ajudar?”. Nessa hora eu penso – e só penso, juro –
“pode sim... estou com uns problemas em casa... vamos conversar?”. Mas, respondo:
“Aquela camisa... você tem G?”. Aí, começa a complicar:
“Pra quem que é?”. Na verdade, não faz a mínima diferença pra quem é, até porque, a infeliz da atendente não conhece a tia Cotinha, e mesmo que conhecesse, quem está dando o presente sou eu! Mas, ainda mantenho a classe.
“É presente”. “Ah”.* Acho que há uns 7 anos, em uma loja, depois da célebre “pra quem que é?” eu respondi “pra minha tia, conhece?”. Acredito que a menina nunca mais tenha perguntado isso para ninguém.2 – Você entra numa loja. Outra, não a mesma da tia Cotinha. Passou – também – previamente pela vitrine e gostou do jeans exposto. Entra e, da mesma forma inocente, questiona.
“Esta calça... você tem 44?”. “Ah... mas você usa 38!”. “Não, é 44. Eu me conheço. Juro”. “Imagina! Você é magra!”. Penso – e só penso –
“quem disse que quem usa 44 é gorda, sua vaca?”. “Por favor, 44”.
* Uma vez eu falei: “Ok, traz a 38, mas se rasgar não aceito cobrança”. Ela me trouxe a 44.3 – Loja de sapato... Ah... Ai começa a festa do caqui. Você olha uma bota. Marrom. Salto alto. Bico fino.
“Aquela bota... sabe? (você aponta).
Tem 39?”.
“Só um minutinho!”. Três horas e meia depois...
“Olha só... aquela bota eu não achei, mas achei essa sandália vermelha com detalhes em amarelo, 38, mas a forma é grande! E está super em conta”. Sabe... Nesses momentos eu evito responder até um “não quero”, porque tenho medo de agredir a atendente. Para começar, não quero nada super em conta, muito menos a merda da sandália.
4 – À procura de uma camisetinha básica, entro calmamente em uma loja. E descrevo:
“Oi... é, tem umas blusinhas de cotton, da Malwee, de gola careca, você tem preta, M?” (Reparem que eu defini material, marca, modelo da gola, cor e tamanho, fácil assim. São necessário 2 neurônios. O de receber a mensagem e o de preparar a resposta.). Eis que o quadrúpede que me atendia falou
“Temos sim” e
mostrou uma cacharrel de lã. Tamanho P. Cor púrpura. E não era da Malwee.
Pois são por cretinices assim que me descontrolo. Porque eu faço solicitações simples e alguns seres (não humanos) não sabem agir de forma adequada.
É simples assim: Se eu for comprar um presente, não interessa a você, sr. Vendedor, saber pra quem é. Se eu quero usar uma roupa 44, se vai ficar larga ou feia, o problema é meu. Se eu peço uma bota marrom, é porque tenho frio nos pés e preciso de um sapato marrom, e não uma sandália vermelha e menor que meus pés. E ainda, se peço uma blusa X, não seria mais fácil falar que não tem a mostrar uma polaina verde?
Depois, quando eu chego na farmácia e o caixa me fala, felicíssimo “Oi! Tudo bem?!?” e eu penso “Primeiro, você não é meu amigo, logo, sem conversas. Segundo, estou na farmácia, portanto, nada bem. Cobra logo e abraço.” –
embora não fale – e sou seca, as pessoas me acham grossa.
Mas é que existem situações óbvias que merecem resoluções óbvias. Fora disso, não há salvação.
Por isso, digo (plagiando a conhecida de uma amiga):
"Sim, eu sou grossa. Mas, tem gente que dá sorte. "