Definitivamente, lidar com a morte não é, das situações, a mais fácil do mundo. Mas tem gente que capricha nos comentários. E sendo assim, cabe a mim, comentar e analisar as reações humanas...
Lá está você. No meio de uma aula, tema livre – a definir pelo leitor – e seu telefone toca. Tenta sair discretamente da aula para atender à chamada no corredor (e só tenta, porque são nesses momentos que você tropeça na mochila do colega, derruba uma caneta e quase cai no colo do professor) e recebe uma notícia (não necessariamente bombástica): “Filha, o tio Astolfo faleceu, viu? Mais tarde a gente passa no velório”. É... Tio Astolfo era um cara legal... Merece nossa última homenagem mesmo. No mínimo, justo.
O fato é que aquela sua colega pergunta – e sempre pergunta – quem era ao telefone. E você conta. Inclusive sobre a parte do velório e a visita que ocorrerá “mais tarde”. E ela solta aquela brilhante frase: “Ai credo... não gosto de velório!!!”.
A minha resposta é sempre previsível e repetitiva: “Ah! Jura? Eu, no caso, adoro!”. É evidente que eu não adoro. Aliás, ninguém adora velório. Teria que ser uma pessoa muito fúnebre para realmente apreciar seus momentos em velórios alheios. Que graça tem? Uma pessoa morta, uma família chorando, alguns amigos saudosos, velas flores e silêncio. Não é um momento para se apreciar. Apenas uma última demonstração de respeito e consideração. Um momento para lembrar os bons frutos que foram deixados. E, como o mestre João Nogueira, pensar “o corpo, a morte leva; o nome, a obra imortaliza”. E pronto. Ali, longe, jaz...
Tio Astolfo é seu tio avô. Dizem que era 2 anos mais velho do que a informação contida em seu documento. Pela certidão de nascimento, tio Astolfo tinha 98 anos. Sempre tem aquele parente-ator que faz escândalo. Tudo bem... É um querido que se perde; mas é uma história que fica, embora sem o personagem principal. Que tio Astolfo seja feliz, já que foi dessa para melhor uma melhor... Mas, escândalos, não. Por favor, não. Penso: "o que se passa na cabeça desse ser humano? Tio Astolfo tinha – de vida – 100 anos... Realmente a morte foi injusta, ele deve ter feito alguma extravagância para ter partido assim, tão moço... "
A tristeza vem... “Só porque, é triste o fim” - já dizia o poeta Hebert Vianna. A morte é assim. Como um ponto final numa história que ainda poderia ter mais algumas reticências, meia dúzia de exclamações, e ainda – e por quê não? – umas 3 interrogações. Não agrada e nem é esperada. Mas é como (e como estou musical, hoje!) Milton Nascimento, lindamente, escreveu: “todos os dias é um vai e vem, a vida se repete na estação; tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais; tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai, quer ficar; tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar... E assim chegar e partir, são só 2 lados da mesma viagem”.
Cabe a nós, ainda na viagem: apertarmos os cintos e, firmemente, seguir pelo caminho.
Obs: firmes, e sem gafes. Por favor!
Lá está você. No meio de uma aula, tema livre – a definir pelo leitor – e seu telefone toca. Tenta sair discretamente da aula para atender à chamada no corredor (e só tenta, porque são nesses momentos que você tropeça na mochila do colega, derruba uma caneta e quase cai no colo do professor) e recebe uma notícia (não necessariamente bombástica): “Filha, o tio Astolfo faleceu, viu? Mais tarde a gente passa no velório”. É... Tio Astolfo era um cara legal... Merece nossa última homenagem mesmo. No mínimo, justo.
O fato é que aquela sua colega pergunta – e sempre pergunta – quem era ao telefone. E você conta. Inclusive sobre a parte do velório e a visita que ocorrerá “mais tarde”. E ela solta aquela brilhante frase: “Ai credo... não gosto de velório!!!”.
A minha resposta é sempre previsível e repetitiva: “Ah! Jura? Eu, no caso, adoro!”. É evidente que eu não adoro. Aliás, ninguém adora velório. Teria que ser uma pessoa muito fúnebre para realmente apreciar seus momentos em velórios alheios. Que graça tem? Uma pessoa morta, uma família chorando, alguns amigos saudosos, velas flores e silêncio. Não é um momento para se apreciar. Apenas uma última demonstração de respeito e consideração. Um momento para lembrar os bons frutos que foram deixados. E, como o mestre João Nogueira, pensar “o corpo, a morte leva; o nome, a obra imortaliza”. E pronto. Ali, longe, jaz...
Tio Astolfo é seu tio avô. Dizem que era 2 anos mais velho do que a informação contida em seu documento. Pela certidão de nascimento, tio Astolfo tinha 98 anos. Sempre tem aquele parente-ator que faz escândalo. Tudo bem... É um querido que se perde; mas é uma história que fica, embora sem o personagem principal. Que tio Astolfo seja feliz, já que foi dessa para melhor uma melhor... Mas, escândalos, não. Por favor, não. Penso: "o que se passa na cabeça desse ser humano? Tio Astolfo tinha – de vida – 100 anos... Realmente a morte foi injusta, ele deve ter feito alguma extravagância para ter partido assim, tão moço... "
A tristeza vem... “Só porque, é triste o fim” - já dizia o poeta Hebert Vianna. A morte é assim. Como um ponto final numa história que ainda poderia ter mais algumas reticências, meia dúzia de exclamações, e ainda – e por quê não? – umas 3 interrogações. Não agrada e nem é esperada. Mas é como (e como estou musical, hoje!) Milton Nascimento, lindamente, escreveu: “todos os dias é um vai e vem, a vida se repete na estação; tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais; tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai, quer ficar; tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar... E assim chegar e partir, são só 2 lados da mesma viagem”.
Cabe a nós, ainda na viagem: apertarmos os cintos e, firmemente, seguir pelo caminho.
Obs: firmes, e sem gafes. Por favor!
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